Debaixo do sol
Bem de baixo do sol
Vejo filha segurando a mão...
A mão de sua mãe.
Vejo neta segurando o braço
O braço de sua avó.
Que um dia, assim como todos, também retornará ao pó.


Vejo poças profundas e secas
De um futuro alagado
De tanta lágrima ameaçada
Por causa da soberba.
Mas que coitada, não leva à nada.


No começo da rua
Me deparo com um menino
Pedindo umas...
Umas moedas, para dar pra sua tia...
Que não come a sete dias.


Logo no meio...
No meio do caminho...
Me deparo com a moça.
Que com aparência boa e seus trinta anos inteiros
Ao invés de procurar emprego,
Me coloca na parede e me pede um dinheiro.
Tal como se eu fosse banqueiro.


Mas logo no final,
No final do daquela rua...
Vejo cena de manchete
Uma mãe com seu bebê...
cheirando cola e pedindo esmola.
Deixando seu filho a mercê.
Mas que irritação!
Fico eu indignada com tanta pobreza
Com tanta falta de compreensão
Desse País do futebol...
Que não ganhamos nem terçol, que dirá o anzol.


Olho pro céu e suplico: oh meu Deus,
Que trajetória oprimida.
E como sempre comovida fico eu.
A se eu pudesse
Se o meu dinheiro desse
E se talvez eles quisessem
Como seria diferente, realmente diferente.


Vejo carros passarem apreçados...
Não esperam nem o sinal verde abrir
para sumir, mas que banal.
É esse o estágio que chegou o ser humano
Mata um atropelado e ainda foge pelo cano.
E ninguém viu, e ninguém vê....
Cambada de medrosos.


E a cultura que implora ser cultura
Querendo toda essa mistura
Fica só na moldura.
Mas tem que mudar!
Em espírito fico eu, rezo logo um Pai Nosso
Para dar-nos a bravura, pois essa vida é uma loucura.
Mas o que é normal?


Trabalhador seguindo o rumo de sua casa
Desce escada, sobe rua, pega ônibus....
Comuns? Que nada, são todos Hércules do cotidiano.
E chegam em casa, dão de cara com o William e a Fátima
E se deparam com a notícia:
Da miséria
Da polícia
Da infâmia
Da milícia dessa terra....
Mas que inércia, pois fica só na memória
Na memória fica, as coisas mal resolvida.






((( Camila Senna ))))









Camila Senna
Enviado por Camila Senna em 22/08/2010
Reeditado em 22/08/2010
Código do texto: T2452731
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