(imagem Google)

Vi Uns Bichos Bem Cedo

Vi um bicho bem cedo, misturado ao dejetos humanos,ao relento, ele catava vorazmente sustâncias com as fétidas mãos, criatura sem destino, sem alento, devorava cada fatia de ilusão, o seu sustento, me olhava com um olhar entranhado de tormento, acompanhado de um papelão seu singular aposento, cabelos ensebados com o urbano excremento, narinas bem treinadas em seu movimento, escolhendo sua nutrição,azeda aflição temperada com o lamento;

Vi que muitas pessoas passavam perto do bicho, ignoravam a visão entretidas com o tempo, em meio a conversas, sorrisos, entorpecidas com a gana, anestesiadas por dentro, a mais odiosa contemplação apática que tive há tempos, se o sofrer não é em nós, é irreal sentimento;

Vi que o bicho se sentou com migalhas de pão aos dedos, alimentou alguns pombos perto do acostamento, em seus olhos a alegria,saciava outras fomes, o seu contentamento, momento sublime, o vislumbramento,o bicho já sabia, que dividir o que não se tem,divisão sem dividendo,é a maior lição que ainda se aprenderá em tempo, caridade sem ego vão, é riqueza que nutre dentro;

Vi um ser-humano bem cedo, misturado ao dejetos humanos,ao relento, ele catava vorazmente sustâncias com as fétidas mãos, criatura sem destino, sem alento, devorava cada fatia de ilusão, o seu sustento, me olhava com um olhar entranhado de tormento, acompanhado de um papelão seu singular aposento, cabelos ensebados com o urbano excremento, narinas bem treinadas em seu movimento, escolhendo sua nutrição,azeda aflição temperada com o lamento;

Vi que muitos bichos passavam perto do ser-humano, ignoravam a visão entretidos com o tempo, em meio a conversas, sorrisos, entorpecidos com a gana, anestesiados por dentro, a mais odiosa contemplação apática que tive há tempos, se o sofrer não é em nós, é irreal sentimento;

Vi que o ser-humano se sentou com migalhas de pão aos dedos, alimentou alguns pombos perto do acostamento, em seus olhos a alegria,saciava outras fomes, o seu contentamento, momento sublime, o vislumbramento,o homem já sabia, que dividir o que não se tem,divisão sem dividendo,é a maior lição que ainda se aprenderá em tempo, caridade sem ego vão, é riqueza que nutre dentro;

Vi expondo em versos a lição que ainda não aprendemos, que bicho real é o alheio ao sofrimento.

O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas)
Enviado por O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas) em 20/08/2010
Reeditado em 20/02/2011
Código do texto: T2448392
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