Viva santa Bárbara!

Caia na calçada

como a tarde caia

nos espelhos dos edifícios.

O homem caia na calçada

calcando os pés

para um abismo raso

bem próximo da morte

Caia na calçada

como um pingente

que se perdia

e rolava por água abaixo.

Todos os sonhos por terra;

todas as horar ardendo

como açoites nas costas dos negros;

e as esperanças, desejos, canduras?

Passaram de repente

como uma promessa esquecida...

- Como um final triste de novela.

Caia na calçada

o jesto, a dança, a ginga, o teatro

( Se é que se podem dar nomes! )

Caia na calçada

não os esforços de um homem,

mas uma comédia humana

representada por aqueles

que viram, ouviram e sentiram

sua queda do alto, das nuvens...

outros disseram que foi do álcool.

Caía na calçada

sem eira nem beira

como um trapo velho

que se joga fora

ou como a prostituta apaixonada

que possuimos pra ter asco

depois de uma noite da amor.

Caia na calçada

o choro de uma mãe,

a velhice de um pai,

a esperança de um filho...

Caia na calçada

( agora cheia da gente )

uma última réstia

do sol na cidade,

E tudo parecia tão mágico!

Veio uma chuva:

depois a noite

com seu quê de luxúria;

depois mais nada...

Os cacos no chão

pareciam gritar, exclamar

e os homens, esses seres inúteis,

pareciam apenas olhar.

Era tarde demais

a promessa que caia na calçada

agora não se levanta mais.