SENHOR DO SEU
PRÓPRIO MUNDO
Morde a corrente
que te ata ao mundo
cospe na mão que
te acaricia e prende
suporta a tua existência
de bicho atormentado
que respira esses ares CO2,
engole o teu quinhão de
contrariedades
(sobrevivência exige coragem!)
Mas regurgita o indigesto
tempero das humilhações
e mesmo acorrentado pelas circunstâncias
mantém o teu espírito liberto
e não cede ao conformismo estéril
e quem sabe até, bebe um antiácido de risadas
(funciona!)
Não te curves ao som
das palavras de ordem.
Acorda deste sono letárgico
e tenha coragem de berrar
a tua indignação.
Altera o teu olhar de superfície
para um outro mais perscrutador
levanta os olhos deste mundo
que te enfiam goela abaixo
destas realidades editadas
em telas mutlicoloridas.
E fixa por instantes, apenas
a mudez, o silêncio, a
terra aonde pisam teus pés
o céu acima da tua cabeça
olha tuas mãos que envelhecem
redescobre em ti a pessoa
soterrada sob toneladas de
imposições e medos.
Nâo deixa que nenhuma pessoa
te faça cativo de seu egoísmo
aprende a distinguir entre
aquele que te ama e o
que te quer subserviente
que bondade tem limite
para que não se torne escravidão.
Morde a corrente, rasga as vestes
deste entorpecimento geral
de animal de tração, que
somente serve, sem questionar.
Existe muita escravidão
no altruísmo sem reservas que ilude
e é endeusado como virtude.
Permita-se despir-se
do que esconde tua humanidade!
E olha-te nu diante do espelho.
Apaga os rótulos da memória
reescreve a tua história
um novo bicho humano
será batizado
nas águas do profano!