Dia de chuva


Um homem por mim passa,
Eu, de sombrinha, e, ele, na chuva.

Sobre seus ombros, um botijão de gás,
Arcado e humilde, pela rua vai.

Suas pernas quase tropeçam na calçada,
Magro e empobrecido, ele segue.

Vão caindo pingos na camisa desbotada,
Seu olhar cansado, cabisbaixo.

Ele anda sem perceber os transeuntes,
Numa longa via, a passos vacilantes.

Sigo-o com o olhar, entristecida.
Que desigualdade insuportável!