UMA OBRA PLAGIADA
Para ser um poeta cordelista,
Um bom vate precisa ter o dom,
Sentir ritmo, cantar, curtir o som
Das palavras que põe na sua lista.
Quem se acha um cantor e bom artista,
Quer agora entender de poesia,
Xerocando, assumindo a autoria
E editando com cara deslavada...
Quando vejo uma obra plagiada
Sinto pena do cabra que copia.
Inventando que fez uma pesquisa
Publicou um cordel prefaciado,
Pra negar que do meu foi copiado,
Demonstrando que tem a cara lisa.
Se não sabe criar, então, precisa
De um poeta pra lhe servir de guia,
Mas a cuia não vem com poesia,
É preciso louvar a esmola dada...
Quando vejo uma obra plagiada
Sinto pena do cabra que copia.
Cada glosa que tem no seu cordel
Tem até quatro versos que são meus,
E alguns, mal criados, que são seus,
Têm palavras furtadas a granel.
Quem escreve com versos de aluguel
E pratica em cordel pirataria,
É porque no seu taco não confia
E assina é com o dedo na almofada...
Quando vejo uma obra plagiada
Sinto pena do cabra que copia.