Vai vendo a treta

No cenário do rap vou narrando o crime

Sou testemunha da guerra, mas não sou desse time

Várias pessoas no veneno temendo a morte

Mais um mano morto no B.O do carro forte

Vigia do Preserva sentou o dedo

O demônio entra em ação, promove o medo

Quer me ver no crime morto ensangüentado

Sua empresa tem vários filiados

Quer anular minha humildade

Quer me enterrar na criminalidade

Quer me ver rasgando a carne

Duma vítima que implora pela vida

Logo em seguida atentado homicida

E depois eu cuspo sangue na ação da polícia

Nessa guerra não sobrevive covarde

A palavra do Senhor tem o peso da verdade

Deixa ele aí pensando que é o pá

Vai provar que é vacilão o bandido vai matar

O zé povinho conspira contra o meu sucesso

Com o diabo na mente vai rumo ao necrotério

O mano passava fome, totalmente sanguinário

Passou pelo teste hoje é conceituado

Com a Bíblia embaixo do braço conheceu a Palavra Sagrada

De forma autêntica não faz como muitos canalhas

Deus viu tudo e confirmou

Que ele tirou o crime da mente e a alma purificou

Mas muitos insistem em fazer guerra

Dizem que é por vingança às pessoas na miséria

É por interesse próprio

Incentiva a bandidagem, revólver, velório

Na minha quebrada por enquanto ta tudo bem

- Como vão seus pais? - Vão bem Amém

Ninguém desamparado o movimento ta tranqüilo

O que se passa? Vários dias sem homicídios

A polícia aqui vai mantendo a proteção

Não ouço mais notícias de corpos no chão

Morreu alguém, será que foi homicídio?

Não, foi um idoso com problema cardíaco

Mas aí eu não me iludo, continua a guerra

Deus olhou pro nosso povo, deu uma trégua

As vezes eu paro e penso pra que tudo isso

Assalto a mão armada seqüestro latrocínio

Esse último que é 157 e 121

Não surpreende o DP, brutalidade é comum

É melhor ser ladrão com oitão considerado

Ou ser trabalhador no caixão lacrado?

Não vem pagar de ladrão perto de mim

Inteligência limitada contribui pro seu fim

Aqui não é SBT nem Globo

Aqui é pilantragem que mata nosso povo

A realidade nua e crua

O número aumenta com o boy morto na rua

Não dão escolas, só dão presídios

Crack farinha maconha tudo que agrada us inimigo

A maioria das pessoas não quer o seu bem

Quer sua mãe morta seu filho na FEBEM

No Tatuapé ou em Franco da Rocha

Ou um moleque trocando tiro com gambé da ROTA

Vou para batalha tenho espírito de luta

Com otimismo sem pensar em sepultura

Vai vendo o zé povinho com uma glock na cinta

Puxei primeiro atirei no peito e na barriga

Sua conspiração invoca o diabo

Faz macumba até pro pai acabar no caixão lacrado

Pra tomar posse pra ficar com a herança

O desespero toma conta acaba com a esperança

Outra alma nas profundezas do inferno

Sem chance de regressar, Deus não vai estar por perto

Frustração, sonhos arruinados

Quem não vira presidiário vira finado

O helicóptero do programa policial

Filma na favela um ato quase fatal

Criança seqüestrada pelo próprio pai

Negocia por doze horas cus gambé do DAS

Convenceram, levaram pro DP

O moleque deprimido só queria morrer

To nessa batalha, tenho noção de espaço

Se viro as costas pro povinho já era um abraço

Mas pode crê tenho Deus do meu lado

Só Ele determina minha hora de ser finado

Se mexer com minha família é prejuízo

Se planta ignorância colhe tiro

No meio da cabeça pra ficar esperto

Legista feliz, outro trouxa no necrotério

Não perco tempo discutindo com o inimigo

Se to sem arma deixo ele falando sozinho

Porque a Justiça divina não erra

Um canalha a menos na face da Terra

Não sou Bezerra da Silva mas digo sobre a paz eterna

Só acontece quando o saci cruzar as pernas

Só vence essa guerra quem é guerreiro de fé

Faz zé povinho tremer as pernas, não parar em pé

Aquele que é capaz de matar sem arma

Que provoca depressão através das palavras

Que rima de forma ofensiva e letal

O boy fica deprimido aí é funeral

O mano que ta na guerra beija o crucifixo

Na humildade luta contra us inimigo

Tem sabedoria, tem conhecimento

É soldado da guerrilha sabe dos movimentos

A morte por aqui não me causa espanto

Várias mães choram de canto

As pessoas não envelhecem nesse lugar

Juventude mal aproveitada

A quadrada aqui destrói talentos

Vocações frustradas, ódio, lamentos

O clima fica pesado não dá pra suportar

Faz muitas pessoas correrem sem tentar

Deus me deu o privilégio de escrever

A letra de rap pros manos entender

Não arranco sorriso do demônio

Com proceder vou tirando seu sono

O rap faz justiça na música moderna

Se é uma doença sou mais uma bactéria

Vírus, protozoário num sei cê que sabe

Queira ou não é musica de verdade

Denis Silva, não sou covarde entregue

Sou mais um herdeiro do rap

Denis Hacebe
Enviado por Denis Hacebe em 02/08/2010
Código do texto: T2414703
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