A vida os recruta, ainda crianças,
Para a injusta batalha do cotidiano.
Pequenos guerreiros, frágeis "sparrings",
Levados a um jogo desumano.

Magros, subnutridos, têm que enfrentar
Os perigos da cidade selvagem.
Em suas mãozinhas, as culpas
Do desgoverno e da malandragem.

Você é um homem, não pode chorar.
Tem dez anos, já pode trabalhar.
Tem peitinho, já é uma moça.
Anda logo, vai a vida enfrentar.

Infância roubada, violentamente
Arrancada, sonhos frustrados.
Crianças aprendendo com a vida,
Maníacos, ladrões e tarados.

Engole essa lágrima, vem logo aprender
A se defender com essa navalha.
Engole essa lágrima, não tem lugar
Para gente mole na nossa batalha.