Vento do sul

Vento que vem do sul

Que ponteia minha ilusão

Traga consigo o gosto adocicado

O mel da umidade de esperança

A secura da minha boca

Clama por gotas de chuva

Sou eu o pó que alimenta o agreste

A poeira fina da areia

A passear ligeira

Pelas matas queimadas de sol

Sou eu o mandacaru que não desiste

Antes assiste esperançoso

O brotar de mais uma flor

Que murcha contrita no calor

Sou eu a vagar atrás de água

A machucar os meus pés na estrada

Salpicada de ossos e de sal

Do canto doloroso para a triste sina

Vento que vem do sul

Fica e não foge desse lugar

Seja a semente das nuvens

Seja a realização dos sonhos

Dessa massa de sertanejos

Que sobrevivem na seca

Que pouco aproveitam

A dádiva do bem viver