(Pensador em pedra sabão artesanato Conselheiro Lafaiete/Minas Gerais)

Dissimulando Ser Concreto

Um ser concreto aqui me faço, poético retrato, de valores opacos e com quase nenhuma idéia a se absorver;

Caminho apenas na intercalada da aceleração e frenagem escassa, e a embreagem inata, nada tenho a lhe dizer, jante rebaixada, óculos Rebain para continuar não enxergando nada, camisa com rótulos, Armani é minha gravata,que aperta minha faringe monossilábica;

Gucci, Prada e Ferragamo os utilizo em minha pisada, boa conversa é algo que não acrescenta em nada, cheiro de Allure Homme da Chanel para molhar a carcaça que ostenta uma mente inválida que não consegue ninguém entreter;

Sou aqui poeta dos que não contribuem com nada, perder tempo com o pensar nos atrasa, nos ponteiros do Tissot que quase nunca tarda em nos remeter, aos goles de Bollinger Grande Année, às etiquetas que disfarçam o desprazer, às saladas do chef Marc Le Dantec;

Em meio ao dissimular de se ser concreto nato, poetizando futilidade escapo, nos meados das estrofes escracho o que os valores que muito tenho me fazem crer, independente do quinhão o caro é o que nos faz sermos algum singular pensante ser;

Ter se coaduna com o ser, maravilhoso é o segredo em saber, que pensar coexiste com o prazer e o deleite de na sala debater, ostentando um raro quadro de Monet, o abstraísmo não exclui o muito ter, ter conteúdo é o mais chique de se ser, em quaisquer simples esquina, suja viela ou até em um terraço em Saint Elisee.

O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas)
Enviado por O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas) em 31/07/2010
Reeditado em 11/02/2011
Código do texto: T2410904
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