ALOMORFIA
Passa ao largo dos sentidos sem sentidos
Aos pés do divino em joelhos profanos
E em sua orbita onde delírios são permitidos
Não vê que além estão os seus futuros danos
Anda não mais com suas reais e profundas raízes
Mas com que hoje lhe apraz lhe agrada lhe convém
Pragas daninhas de variados pensamentos e matizes
Bárbaros que da corja urbano-burguesa provêm
Vive ao máximo ás modernidades morais
Espumantes servidos em cálices de sangue
Você que do mar já foi dos mais lindos corais
Hoje apesar do caviar é o mais fétido mangue
Valsa em salões das mais puras convenções
E muitos séqüitos lhe dão o que quer ver e ouvir
Abrindo um ilimitado leque de espúrias conexões
Pois são escravos que a promiscuidade irá servir
Nada mais resta senão a tristeza e a comoção
De que ver uma perola rara transformar-se em lodo
Que já não tem em si amor próprio ou emoção
E vive arrotando do seu podre luxo todo o engodo