ALOMORFIA

Passa ao largo dos sentidos sem sentidos

Aos pés do divino em joelhos profanos

E em sua orbita onde delírios são permitidos

Não vê que além estão os seus futuros danos

Anda não mais com suas reais e profundas raízes

Mas com que hoje lhe apraz lhe agrada lhe convém

Pragas daninhas de variados pensamentos e matizes

Bárbaros que da corja urbano-burguesa provêm

Vive ao máximo ás modernidades morais

Espumantes servidos em cálices de sangue

Você que do mar já foi dos mais lindos corais

Hoje apesar do caviar é o mais fétido mangue

Valsa em salões das mais puras convenções

E muitos séqüitos lhe dão o que quer ver e ouvir

Abrindo um ilimitado leque de espúrias conexões

Pois são escravos que a promiscuidade irá servir

Nada mais resta senão a tristeza e a comoção

De que ver uma perola rara transformar-se em lodo

Que já não tem em si amor próprio ou emoção

E vive arrotando do seu podre luxo todo o engodo

Leilson Leão
Enviado por Leilson Leão em 29/07/2010
Código do texto: T2405699
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