TREM QUE PASSA...
As noites eram longas
o silêncio do cerrado era açoite!
entre o céu e a terra,
entre a paz e a guerra...
Vagalumes....
A solidão era interrompida pelo trem
luzes, risos, frestas de carícias
nas janelinhas da gabine!
Amores encantados, sublime...
Gritos e assobios...de garotos e peões!
Alguém gritou meu nome!...saudações...
Lá seguia a velha centopéia azul! frase de muro!
Seguia balançando...o azul ficava escuro...
Lantamente balançando:
Pra lá, pra cá, pra lá, pra cá...
Era o Trem do Pantanal
que virava Trem do Cerrado
Que virava o Trem Azul,
Trem do Rico e do coitado...
Silêncio...
Silêncio...novamente na Velha Estação!
silêncio entrecortado pelo latido do cão Almirante....
ou até pelos piados da coruja e pelo grito do Guará...
O velho lobo do cerrado...no meio do caraguatá...
Dias e noites passam lentamente
para os antigos agente de trem era a rotina normal...
Muitos ferroviários já tinham se acostumado,
Para os jovens integrantes...As vezes era exílio forçado...
Velha arma de velhos supervisores!
herdeiros da maldade ditatorial...
Se o peão era do cerrado!
mandavam pro 50...no meio do Pantanal...
Mas a reclamação derradeira
eram dos rapazes do Pantanal...
Mandavam pra Atoladeira...
Era tudo coisa do mal...
O certo é que sempre encontravam
um estaçãozinha "especial"...triste e desolada
Mais...mais triste e até isolada
para transferir a rapaziada...
Os maleiros e andarilhos
seguiam a linha férrea...
procurando um destino
Em seu desajeitado desatino...
Lá estavam...
O Agente da velha estação!
o manobrador de plantão
e o companheiro e amigo...cão...
Muitas estações hoje estão fechadas!
Guardando recordações, sonhos, imaginação
poucas restaram abertas...não tem mais canção
Foram fechadas a força...pela PRIVATIZAÇÃO...
Bem ou Mal...felicidade!
o certo é que muitos ainda sentem saudade...
Nas nossas imaginações ele ainda viaja alegremente
carregando mensagem, luz, festa e gente...