O vendedor de versos
Não tenho nada,
é o que diz o povo
Eles pensam que:
O meu muito é pouco
Minha riqueza não tem seguro,
Nem está em conta bancária
Mas neles incomodam:
O meu sorriso na cara
Sem dinheiro não sou gente,
é o que a maioria diz
Mas tendo saúde em abundância,
Me basta pra ser feliz
O que faço mata minha fome
Sou dono do meu nariz
Ser poeta na madrugada
Foi o que meu destino quis
Vivo da sua gratidão
Esperando que os meus versos
Toquem seu coração
Como efeito de remédio
Diminuindo suas dores
Mantendo longe o seu tédio
O que ganho de gorjeta
Compro minha cachaça
Não devo nada pra ninguém
E não preciso de mais nada
Apesar de poucos aplausos
Esse show vai continuar
Comercializando versos
Deixando a vida me levar.