Apraxia

Sou poeta

Quando não me calo, não consinto nem pactuo com a dor alheia

E quando minha alma sangra a dor da perda ,por mim não sentida,

Sinto-me mais poeta,mais humano.

Sou poeta quando a ira toma conta de meus versos

E rasgo-me em trovas desconcertantes, dilacerantes

Divido a dor de estranhos desconhecidos,

Entranhas da dor geradas.

Sou poeta, admito

Pela coragem de não ter vergonha

Ou a dor de não ter sido,

Minha voz não se cala, meu corpo não se curva.

Sou poeta por intuição, por vocação

Verso solto por não ter amarras

Dilacero-me por não mais amar.

Por ser só em uma solidão acompanhada sou poeta,

Não me envergonho dessa condição;

Antes me orgulho: rio e choro as dores desconhecidas

Os fetos de amores destruídos, alegrias de sorrisos esquecidos

Sou poeta por imposição de Deus.

JAlmeida
Enviado por JAlmeida em 22/06/2010
Código do texto: T2333920
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