Apraxia
Sou poeta
Quando não me calo, não consinto nem pactuo com a dor alheia
E quando minha alma sangra a dor da perda ,por mim não sentida,
Sinto-me mais poeta,mais humano.
Sou poeta quando a ira toma conta de meus versos
E rasgo-me em trovas desconcertantes, dilacerantes
Divido a dor de estranhos desconhecidos,
Entranhas da dor geradas.
Sou poeta, admito
Pela coragem de não ter vergonha
Ou a dor de não ter sido,
Minha voz não se cala, meu corpo não se curva.
Sou poeta por intuição, por vocação
Verso solto por não ter amarras
Dilacero-me por não mais amar.
Por ser só em uma solidão acompanhada sou poeta,
Não me envergonho dessa condição;
Antes me orgulho: rio e choro as dores desconhecidas
Os fetos de amores destruídos, alegrias de sorrisos esquecidos
Sou poeta por imposição de Deus.