Apocalipse

Ficam no ar os desencontros,

Descaminhos e reservas.

Já nem sei o que é tragédia,

Neste palco de tantas comédias.

As ficções vestidas em fantasias

Geram sangue, jorro de lágrimas,

Gritos abafados,

Rostos em palor, estampados

Quando a manhã enobrece

Sorrisos tingem as faces,

E noites empobrecidas enfeitam,

Tomam parte nas cenas rotineiras,

Dos andejos nas andejas,

Nos desejos servidos nas bandejas,

Brilhantes espalmadas refletindo,

Descortinando seios nus,

Peles calorentas

Bocas sedentas,

Ávidas, comprimidas nos sonhos,

Nos beijos.

Só que do outro lado da moeda,

Profana o silêncio, tremores ruidosos,

Crateras famintas,

Poeira decorando o céu,

Sonorizando desespero.

Mas, o mundo dorme,

Adormece porque estou vivo,

Infligindo com problemas

Egoisticamente neutralizando o mundo,

Enquanto a terra é rachada,

Rasgada,

Como se fosse uma bola de meia

Desfeita para menos um chute

Que a humanidade finge que percebe.