NUA REALIDADE
como ausentar-se em devaneios
se mãos em súplicas nos trazem
à nua realidade,
apesar de tantos progressos,
vagam tantos em busca do pão
são mãos e olhares suplicantes
como a exigirem de cada qual
um grito justo de indignação
ao ver um semelhante,
deliciando-se com uma fruta
em dejetos, no lixo encontrada
e como o esfomeado se comprazia
e degustava ávido
e aos meus olhos rasos d´água,
mágoas, feridas abertas, opróbrio vil
impotente, mudo, pasmo, da humana condição...