SAUDADES E ESPERANÇA

Carlos Celso-CARCEL (Pernambuco)

Ainda sinto saudades

quando me lembro das trelas

tão infantís como aquelas

no meu tempo de menino

já não mais tão pequenino,

grandinho, pequeno rapaz

uma criança sagaz

tempo sem tantas maldades.

Hoje sexagenário

vida quase secular

triste fico a meditar

naquele tempo passado

no coração preservado

que já bate lentamente

tenho um mundo que o presente

julga até imaginário.

Já havia peripécias

sempre houve mas amena

com consequência pequena

fácil de se resolver

também havia o sofrer

com o seu gráu suportável

hoje o mais lamentável

são as consciências néscias.

O respeito se dissolve

desarmonia no lar

dispersão familiar

aquilo que era sagrado

parece desconjurado

mas o mundo é o mesmo

o ser é que vive a esmo

e nessa entranha se envolve.

Vou conservar meus preceitos

meus arbítrios discernir

esperar pelo devir

vivendo as minhas lembranças

cultivando as esperanças

de morrer sem empecilhos

de ver meus netos e filhos

a preservar bons conceitos.

(3o. pág. 92)