CATACLISMA
Enquanto os dias passam,
Enquanto o nosso mundo vai girando,
Nós terráqueos vamos caminhando a nosso modo,
Cada um do seu jeito, sua forma, seu prazer.
Enquanto os dias correm harmonicamente,
O mundo gira com leveza que nem percebemos,
Vamos vivendo ao prazer da individualidade,
Nessa besta desarmonia com o mundo.
E assim vamos rompendo as regras,
Renegando a lógica da mãe natureza,
Vamos criando talhos no coração da parideira,
Que sangra, que grita, que se debate e chora.
Das sangrias desse coração judiado,
De mãe solteira que nos acolhe e tudo nós dá,
Vêm os gritos do desconsolo que nem ouvimos,
Que ignoramos, teimando o mesmo desamor.
E assim a natureza sofrida se debate,
Sacudindo o mundo em revolta justificada,
Que assistimos pasmos, assumindo meia culpa,
Mas balançamos os braços nessa triste desarmonia.
Do choro calado no silêncio do caminhar do tempo,
Ou gritados aos cantos do mundo em revolta de dor,
Fazemos promessas de zelar pelo colo que nos oferece,
E nos perdemos em palavras que nunca formam versos.
Que não maldigamos a fúria dos ventos,
Que não lamentemos as chuvas desmedidas,
Nem a aridez da sua falta então sentida,
Pois são apenas rompantes de mãe solteira,
Na convulsão das dores que lhe causamos.