O RONDÓ E O PÊNDULO
Eu oscilo dentro de mim
Quando ouço um silêncio duvidoso por entre a multidão.
Se as vontades são desiguais,
O grito é um uivo de solidão.
Eu oscilo dentro de mim
Quando separo a luz da escuridão.
Meu desejo é resgatar o homem
Da prisão das vastidões.
Eu oscilo dentro de mim
Quando visito a pobreza,
O abandono, o gesto leviano.
E eles me povoam a cada instante.
Eu oscilo dentro de mim
Como os homens e seus barcos
Por mares bravios
Vazios de peixes e mitos.
Eu oscilo dentro de mim
No consolo dos bares cheios
Com seus cálices secos de vinhos
Embebidos na falta de um fim.
Eu oscilo dentro de mim
Indo e vindo
Como um pêndulo
Na vertigem magnética do medo.
Eu oscilo dentro de mim
Como em rondó mal-resolvido,
Me repetindo em desequilíbrio;
E a alma fica tonta,
Perde o ritmo,
Em sonho sem rima
Rodopia
E foge da vida.
( Em "Enlevar para Elevar" -COLETÂNEA 2)