Universo sem o reino de Deus
Que mundo é este onde o lixo das ruas,
São maltrapilhos, ambulantes?
Que mundo é este,
Cheio de fome, cheirando a pó decomposto?
Que mundo é este sobrecarregado,
De esquina em esquina
Existe uma empresa religiosa,
Chamada de igreja, templo, santuário?
Enquanto pobre esmoler,
Crucifica miséria no rosto,
Abraça a fome, o frio,
Calça as pantufas grampeadas.
Lixo de rua, cuspido, escarrado,
Desbotado pelo tempo,
Nas faces o palor da incúria,
Enquanto a cúria ora por vós,
Conferindo os cofres, pedestais de santos,
Pobres imagens levadas aos encargos,
A cobrança silenciosa.
Que mundo é este,
Que gira na fé de tantos,
Mas em que a fé sobrevive?
Será que o criador nos fez para isto,
Para conceber de mim, de vós,
Estas respostas de vida que legamos?
Lixo de rua, eu o encontro,
Silencio a sua dor, vendo-me amanhã,
Ocupando, tomando seu lugar,
Só que...