Urbanofobia

O povo em assombro vê nos noticiários

Intrigas, futricas, traições e sacanagens

Escorrem fluentes destes bestiários

Inverdades, promessas e bobagens

Uma plêiade de homens perversos

Dedos decepados, tripas, miolos dispersos

Uma mulher chora seu filho morto

Outra deposita na privada seu aborto

Um pedófilo é morto a pauladas

Roubaram o carro de um padre na estrada

Estouraram uma outra boca de fumo

Filmaram outro político fora do prumo

Buracos vorazes devoram as casas

Encontraram um morcego sem asas

Outro exame de DNA é divulgado

Não é o pai aquele pobre coitado

Não tem médico naquele posto

Não tem saída o povo todo

Escorrem fezes a céu aberto

Nos bairros de destinos incertos

E o povo nem se revolta disso tudo

Pois vendeu seu voto e ficou mudo

Esperando mais uma vez a promoção

De descolar uma grana na eleição

O Crack que é sucesso confirmado

Mas o do diabo, não o da bola

Vende mais que picolé gelado

Os moleques antes cheiravam cola

Agora no populacho a cocaína

Destruindo vidas em sua rotina

Uma mulher apanha sem pudor

Do marido que jurou eterno amor

Essas cenas de maior perversidade

Faz-me temer toda humanidade

Becos do mundo onde morrem a pobreza

Favelas, subúrbios, sejais fortalezas

Isso tudo não é problema é conseqüência

Pensemos, lutemos, com toda ciência

Que o sucesso venha alegremente

E tire da merda toda gente