O suburbano capitalista

O tempo é meu carrasco.

Virei produto industrial.

Perdi meu roteiro.

Não brinco mais com o meu filho...

Confesso, não tenho tempo

Para mais nada.

Só trabalho, trabalho, trabalho!

Não tenho tempo de ter sentimento.

Não tenho como me reformar.

Preciso, urgentemente, de um analista!

O relógio me controla.

Sou o suburbano capitalista.

Não tenho tempo de sonhar,

Ser livre, quimérico.

Ai que saudade da minha vitrola!

Esse mundo desgostoso, é colérico.

Estou sufocado, preciso de socorro.

O tempo me consome...

Cadê o relógio? Perdi o ponteiro.

Sem o seu tic-tac, perco a direção.

Não tenho tempo de perder tempo.

Estou sem tempo! Meu Deus, e agora?!

Preciso correr, chegar na hora,

Bater o ponto, senão, perco meu emprego.