Cabeças vão rolar

Nosso martírio vai além do que eles planejaram

1948: eles violaram

Com um desejo irredutível de me ver como réu

Ou algemado, baleado no mausoléu

O pensamento de transgressão não foi extinto

É perceptível um resquício do anti-semitismo

Filhos da puta planejam a Solução Final

Pra acabar com o que chamam de cultura marginal

Calamitosa é elogio pra nossa situação

Brasília tá em crise desde a sua construção

Contemplamos a lentidão e a cegueira da Justiça

Que inocenta as aves de rapina

No encanamento do Protógenes tem vazamento

Faltou manutenção, prejuízo é o momento

É por essas e outras que a fúria tem rimar

A navalha vai passar, cabeças vão rolar

Sou ceifador justiceiro, cabeças vão rolar

A guilhotina vai descer, muito sangue vai jorrar

A navalha vai passar, cabeças vão rolar

(Crânio vira bola num ritual de sadismo)

Ô presidente, eu vou cagar no seu programa de Governo

Não diminuiu o desemprego nem o número de detentos

Não evitou muitas pessoas na maca de alumínio

Nem bala perdida na favela, inocentes tomando tiro

Pilantras do novo milênio têm maior período de férias

Aumento de salário e passagens aéreas

Não recebem punição por absenteísmo

Fazendo transcender o pensamento subversivo

O flagrante de pagamento de propina

A Caixa de Pandora é aberta pela minha rima

Em qualquer situação, já vão com meião preto

Não há condenação, por isso não há receio

Foda-se os ataques aos garimpeiros

Pau no cu das vítimas do deslizamento

É por essas e outras que a fúria tem rimar

A navalha vai passar, cabeças vão rolar

Sou ceifador justiceiro, cabeças vão rolar

A guilhotina vai descer, muito sangue vai jorrar

A navalha vai passar, cabeças vão rolar

(Daqueles que joga bola com a cabeça cortada no pátio)

Vou impor o castigo com o corte profundo

A lâmina vai passar em forma de voto nulo

Sérgio Morais expôs seu pensamento

Fez o papel de porta-voz do parlamento

A polícia aqui só serve de intermédio

Do político pra mandar pobre pro necrotério

Testa de ferro também é passa fome

Que quando veste a farda se acha mais homem

O MST passou de protesto verídico

Pra invasores com interesse político

Vandalismo, arruaça só prejudicam famílias

Que habitam a terra improdutiva

Vamo lutar pra foice perfurar a jugular

O rap é o verdadeiro manifesto popular

É por essas e outras que a fúria tem rimar

A navalha vai passar, cabeças vão rolar

Sou ceifador justiceiro, cabeças vão rolar

A guilhotina vai descer, muito sangue vai jorrar

A navalha vai passar, cabeças vão rolar

(Cabeça arremessada no peito do soldado)

Alguém me responde sobre as tropas no Haiti

Cadê a ajuda humanitária? Ainda não vi

Mandam missionários pra fazer média com a segurança

Seqüestrando, deportando crianças

Não sou mãe Diná mas prevejo o futuro

A esperança acabando na latinha cheia de furos

É o legado do crack, revolução sequelada

Uma exceção a regra, foi televisionada

É vestir o capuz preto, amolar o facão

Ou viver no conformismo, na desilusão

Recuperar o nosso espaço no céu

Pegar o lucro desnecessário da ANEEL

Calamidade promovida pelo Governo filho da puta

Que deixa o povo afogado nas ruas

É por essas e outras que a fúria tem rimar

A navalha vai passar, cabeças vão rolar

Sou ceifador justiceiro, cabeças vão rolar

A guilhotina vai descer, muito sangue vai jorrar

A navalha vai passar, cabeças vão rolar

(Se vive contando com a sorte, ta armando pra cabeça)

Denis Hacebe
Enviado por Denis Hacebe em 27/05/2010
Reeditado em 13/06/2010
Código do texto: T2284012
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