Falta amor
No calor dos abraços
Trago o cigarro ao horizonte proibido
Nem queria pagar conta alguma
E sou a vendedora do amor
Amor da mãe
Amor por filhos que nem tive
Amor a uma sociedade hipócrita
Amor de volúpias e vontades
Amor de saudades neuróticas
O pássaro sobrevoa feliz
E alcança o solo da asa delta do marujo
O farol brilha a caminhar sem luar
O tempo é de esperar e aguardar
O naufrago desdém da paisagem
E se delicia na passagem do canal
O estreito é aperto de alma
E falta serão escolhas e vibrações
Mas o sexo é bom e balbuciam as mentiras
O amor trafega pagão e engarrafado
Mas a parca vida é infeliz
Falta amor
Rio de Janeiro, 27 de maio de 2010.