Manhã

O sol navega entre nuvens que o espreitam

O menino pede pão na manhã dos transeuntes

A carroça passa cheia de resgate do lixo

O cavalo parece desconhecer a cidade do Rio de Janeiro

Os camelos já preparam suas barracas na Cinelândia

Berço de políticos, e quem sabe poetas boêmios sambistas

A cidade é azul como um cordel de bandeiras em festa

Miro está de passagem à espera do futebol

Brasil! Grita o bêbado sem noção na Praça Tiradentes

O jogo acabou, responde à senhora impaciente

O vento sopra noroeste e o sul fica longe pacas

A moça sentada na praça, dá comida aos pombos, que desgraça!

A cachaça acabou, caímos todos nas areias de Ipanema

O mundo entre duas montanhas sempre soa suave

O povo despede das caminhadas ao trabalho diário

Venhamos nós que esse Reino é de todos

Vai para casa, circulando, o tempo é outro seu guarda

Mas a lembrança, conservo na caixinha de música

Toca e dança a bailarina do teatro Municipal

O sino da Igreja São Francisco Xavier badala

Acorda mãe! Já é hora de levantar!