Internet

Internet

És rede que tudo engloba.

És teia que tudo envolve.

És caminho que todos seguem.

És refúgio de quem procura do mundo se esconder.

És remédio para quem quer o mundo conhecer.

És esperança para quem quer desesperadamente de algo saber ou entender.

És laço que nos prende num só espaço, mesmo estando em lugares diferentes.

És vazio que preenche outro vazio: o vazio de nossa alma.

Tu, internet, se torna parte de nossas vidas: nos ilude, nos seduz e perigosamente nos conduz.

Tu conduz nossas buscas.

Conduz nosso entendimento.

Conduz nossos relacionamentos.

Tu, misteriosamente nos alicia e embora às vezes até nos traga alegria, ainda assim não deixa de ser deliciosamente perigosa.

Teu perigo está na dissolução das relações: nossos conhecidos perdem os rostos, os corpos e viram apenas misteriosas palavras escritas.

Quem eu vejo, pode não ser, quem diz ser, ou o que penso eu que seja.

Internet, tu és meu vicio e também vicio do mundo.

És como uma prostituta: alguns te alugam, outros te compram; mas todo mundo te usa.

Além de tudo, tu és uma vagabunda de mente aberta, você não tem preconceito: você fica com todos, seja branco, preto, pobre, rico, seja gordo, magro, seja homem, mulher, homossexual, etc.

Você não faz distinção, nem discrimina ninguém.

Não existe idade para lhe acessar.

Até nas mais distantes aldeias tu podes chegar e muitas vezes chega.

Tu és amiga, companheira, prostituta, devassa; mas é acima de tudo alento para minha alma solitária.

Se não posso te comprar, te alugo; por uma, duas, três horas.

Contigo eu posso sonhar, e dessa vida triste escapar.

Tu és ilusão, mas é também distração.

Tu és encantamento, és alegria.

Tu és também vazio.

Eu te vejo, mas não te pego, pois minha alma mesmo grande, não consegue te alcançar.

E se te alcanço, a deixo escapar, pois que sua imensidão, acaba por em minhas costas pesar.

Tu, internet, és para mim um mal que não tem cura, pois carrega tanta doçura.

Doçura que é também perigosa, pois esconde a verdadeira face: a face da maldade, da injustiça e da criminalidade.

Eu tenho por ti, oh, deliciosa vagabunda, uma confusão de sentimentos: sinto amor, sinto tesão, curiosidade, paixão.

Tenho medo de teus perigos, mas me encanta suas possibilidades.

Com você, eu mergulho num mundo de infinitos conhecimentos.

Com você, eu me sinto como se voasse nas asas do vento.

E, assim como o vento vem e vai, toda vez que viajo pela net, ao voltar, me fica o vazio.

Vazio que me faz querer mergulhar ainda mais fundo nas águas do conhecimento e das novidades.

Vazio que me faz desejar possui-la de vez, sem precisar alugá-la.

Vazio que me faz querer fazer de você minha vida, minha pior doença.

Tenho medo desse vazio, que me faz ti querer mais e mais.

Tenho medo dessa intensa necessidade que tenho de ti, pois que toda grande necessidade acaba por gerar vicio e vicio gera dependência.

Mas, eu não quero ser seu dependente.

Não quero ser seu eterno escravo.

E muito menos quero ser seu grande defensor.

Apesar disso não quero ser seu inimigo.

Não quero nem mesmo ser seu amigo, quero no máximo ser seu conhecido, seu grande admirador.

Quero seguir sendo fiel a ti, porém com cautela e com os olhos abertos para os seus perigos.

Não quero mergulhar em seus abismos, nem a ti quero entregar minha alma.

De certa forma, eu já sou escravo do sistema, mesmo lutando tanto contra ele.

Não quero ser escravo da rede e em rede: eu quero continuar tentando ser livre.

Quero tentar escapar de suas envolventes redes, para tentar salvar a liberdade de minha mente e de minha alma.

Quero aprecia-la, sem no entanto, viver apenas em função de ti, como se nada mais existisse.

E quero principalmente manter meu coração puro, longe de sua maldade, de sua crueldade.

E por fim quero continuar vivendo meus sonhos: me perdendo, me achando, me descobrindo e me fazendo, numa doce melodia e numa eterna poesia.

Marcos Welber
Enviado por Marcos Welber em 19/05/2010
Código do texto: T2266189
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