A MONTANHA FAMINTA
Um rugido... Ninguém tem noção.
É o estrondar dum rojão?
Ou será que foi no quartel
Detonaram o canhão?
Afinal, soldados aquartelados
Precisam evitar invasão.
Puro engano. Destruição!!!
Uma barreira dá seu ronco de morte,
Mas parecendo um vulcão.
Sai engolindo tudo e a todos;
Qual carretel vai enrolando,
Sem fazer distinção.
Casa, móveis, animais,
Velhos, adultos, crianças...
A montanha está faminta!
Pra ela tudo é festança.
Lágrimas, gritos, gemidos...
Não lhe tocam as entranhas.
Os que sobrevivem, olham assustados,
Sem palavras, contemplam um quadro.
Não há lágrimas que bastem,
Permanecem desorientados.
Abaixando-se dentro do putrefato,
Engolem a dor... E juntam os cacos.
Resposta de um cidadão
Que olhava tudo desolado:
“O trabalho de vinte anos
Em segundos apagados.
Cruzar os braços jamais!
Não sou um derrotado..."