Precisamos de lenha para as fogueiras
Depois de lenha para as máquinas a vapor
E para o papel, grande invenção humana
Sacrifiquemos as inúteis árvores
Ninguém precisa de florestas
Os rios de antigamente eram rios
Neles meus avós aprenderam a nadar
Neles meus pais e tios iam pescar
Mas onde mais depositar nossos dejetos?
E tem o mar que é grande o suficiente
Para mais uma pequena mancha de óleo
Industrial foi a revolução das revoluções
Máquinas que produzem mais, muito mais
Não precisamos mais de tantos artesãos
Combustível para os automóveis tantos
Mais automóveis para nosso conforto
Precisamos ir cada vez mais longe
Ouro negro que brota da terra
Por sua causa tem mais uma guerra
A vida na cidade é deveras estressante
Vamos sujar as praias para nosso deleite
Vamos urbanizar o campo por diversão
O ar que respiramos, só um detalhe
O monóxido, o dióxido, o peróxido
Tudo detalhes dessa vida química
Dimetilcloroizotiazolinona nos cabelos
Eu vi uns pombos comendo pedras
Eu vi uns meninos fumando pedra
Eu nunca mais vi sequer um pardal
Cortaram uma árvore para fincar um poste
Bem aventurados os que têm eletricidade
Água quente em meu chuveiro e na torneira
Precisamos muito de toda essa praticidade
Enquanto vítimas jazem em minha geladeira
Não sei mais viver sem celular, sem tv
Sem computador para me entreter
Sem tanta inutilidade não dá para viver
Quem diz isso é o Progresso
E ele não volta atrás
Tudo tão confuso como este poema
Traz à tona uma pergunta interessante
Qual é o habitat do bicho homem?
Olhe em volta e veja que intrigante:
O habitat do bicho homem é uma prisão


(Poesia On Line, em 15/05/2010)
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 15/05/2010
Reeditado em 08/08/2021
Código do texto: T2259580
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