Quefazeres

Fardo desmedido.

Carga desvalida.

Suor à base de açoite,

aquemeneres:

Ande.

Mais rápido.

Nesse instante, ignaro.

Tudo é mandatório,

nada é prioritário.

Nessa desordem, emporisso,

caço o mínimo:

coordenar os pensamentos

para gozar de tudo um pouco,

uma vez que a vida e uma,

mas, ser vivida, para nem tantos.

Rebelar-me?

Careço de pão.

Conformar-me?

Perco o chão.

Arrepelar-me?

Não, não, não.

Oh, rebuliço!

Há outra saída

que não seja abdicar

dessa tão querida e ambígua lida,

visto que também é bandida?

Não admito a submissão

como prenúncio de transformação.

Nascemos para a liberdade.

Omissos, demissos, permissos...

São como crissos:

produtores de húmus para os crassos

chacinarem todas as rosas

e, enfim,

apresarem a primavera inteira.

Pensemos, pois, nisso?

Isa Resende
Enviado por Isa Resende em 14/05/2010
Reeditado em 14/05/2010
Código do texto: T2257624
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