A CANALHA

O estranho ouvido colado à parede,

Náuseas mofadas,

Cheiro de éter nas cortinas.

Um cachorro de porcelana,

Pintado com as cores do meu país,

Late incessante sobre o móvel.

Água verde,cafespirina,

Meus poemas na latrina

E uma luz fraca .

Preciso de um trapo de paisagem,

Uma caixa de azeitonas verdes

E esparadrapos.

Preciso realizar a obra,

Salvar débeis políticos

De suas vidas estipuladas.

Alguém que me traga a chave,

Que me diga o que não preciso

Nem ouvir e nem conter.

Neste dia estarei próximo

De pessoas saudáveis

Que não posso traduzir.

Gilberto de Carvalho
Enviado por Gilberto de Carvalho em 12/05/2010
Código do texto: T2253268
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