A BATALHA DOS EXCLUÍDOS
Quem somos nós além de andrajos desprovidos?
Somos herdeiros dos esquecidos e a palma árida do chão
A calejada mão que serve à mansão dos enriquecidos
De pão e letras excluídos, porém os preferidos da degradação!
Do lado de cá ainda somos a escória da Casa Grande
E o nosso semblante detalha sintomas de um vil pelourinho
No lado de lá nosso sonho sozinho se expande
Numa terra distante, onde o pão é açoite e a água é espinho!
A fumaça que os mata é grã-fina, já a nossa advém dos carvões minerais
E o trabalho dos canaviais há de ser nosso logro de casta maldita
Em troca de trapos e comida, para sonhar viver um pouco mais
Apanhando dos filhos dos tais, morrendo em troca da vida!
Fé sob o teto de zinco e paz entre a taipa e a favela
Que a gente não se nivela com os grandes de gestos pequenos
Somos muitos vivendo com menos, combatentes valentes de guerra
Quando um corpo dos nossos se enterra, se renovam nossos armamentos!
"Meus versos até voaram para sorrir, mas nunca esquecem de sua dolorosa semente originária" (Reinaldo Ribeiro)
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