Versos a um Drogado
Membros encolhidos e olhos vidrados,
Com grossas rachaduras vermelhas...
No escuro é iluminado pelas centelhas
Dos cigarros nos dedos apertados.
Na sua fulva alegria hipócrita,
Debocha de tudo e do vento rir,
Para si mesmo consegue mentir
Sobre sua condição inóspita.
Tem como casa o chão e uns trapos,
Coaxa baforadas para a platéia de sapos,
Vendo cores pulsantes em tons depressivos.
Da realidade tem sua rota de fuga,
O nirvana artificial da fumaça aluga
Para substituir os anseios afetivos.