Asfalto Selvagem
Agonizo, ruminantemente...
Sou um porco, escravo da sorte...
Sou primo consorte
Da miséria remanescente.
Labuto desde criança
Para não adormecer no asfalto
Selvagem, que me toma num salto.
Morro sem esperança!
Fui amordaçado
Quando me fiz entender
Berro, sem convencer,
Sou o Cristo crucificado.
Sou da prole distante da suntuosidade
Sou filho bastardo, sou amigo da fome
No banco dos réus, fiz sociedade
Nas paredes do inferno têm o meu nome!
Se estou no noticiário
Ou no anedotário, não ligo mais...
Porque pedi, porque dormi nos bancos,
Fui condenado pelas normas dos anormais.
Sou sarjetário por ofício...
Gosto de olhar nos olhos de quem me dá mais
Sou lixo, sou bicho, sou o capricho.
Do tempo, sou o ungüento que não sara,
Que não cala... Bestiais!