Asfalto Selvagem

Agonizo, ruminantemente...

Sou um porco, escravo da sorte...

Sou primo consorte

Da miséria remanescente.

Labuto desde criança

Para não adormecer no asfalto

Selvagem, que me toma num salto.

Morro sem esperança!

Fui amordaçado

Quando me fiz entender

Berro, sem convencer,

Sou o Cristo crucificado.

Sou da prole distante da suntuosidade

Sou filho bastardo, sou amigo da fome

No banco dos réus, fiz sociedade

Nas paredes do inferno têm o meu nome!

Se estou no noticiário

Ou no anedotário, não ligo mais...

Porque pedi, porque dormi nos bancos,

Fui condenado pelas normas dos anormais.

Sou sarjetário por ofício...

Gosto de olhar nos olhos de quem me dá mais

Sou lixo, sou bicho, sou o capricho.

Do tempo, sou o ungüento que não sara,

Que não cala... Bestiais!

Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 03/05/2010
Código do texto: T2235270
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