Eu e a xepa
O mercado fechou
A alegria começou
o latão já está do lado de fora
A minha alegria começa agora.
Vou garimpar!
Tem legumes, frutas e verduras.
Hoje lá em casa não vai faltar.
É só escolher.
Eu fico feliz quando vejo este latão
E nesta noite tem até pão.
Vou aproveitar!
È uma forma de sobreviver
E não deixar nada faltar.
Eu finjo não perceber os olhares de transeuntes
São olhares assustados,
Penosos, preconceituosos e até penosos.
Estes são os olhares de pessoas
Que tem outro jeito de viver
E quando me olham
Parecem não entender.
Eu continuo aqui junto ao meu latão.
Faço a minha refeição,
Eu olho para o céu,
Vejo o quanto a lua é bonita,
Vou para a minha casa feliz e levo a bolsa cheia de comida.
Muitas pessoas sobrevivem deste garimpo.
Todos nós somos seres humanos,
Uma oportunidade esperamos,
Estes alimentos garimpamos diante de olhares estranhos.
Quem poderá dizer: Deste lixo eu nunca vou precisar comer.
É triste ver um País tão bonito, com tantas belezas naturais, passar por descaso e carecer de inumeras coisas, por descaso de um poder que se entitula público.
Débora Moreno