APENAS MARIA


Maria cansada e triste

Desgrenhada, espera a sorte
Um dia  já foi mais forte
Tanto que ainda resiste
Resiste o corpo, a alma esmorece,
A fome corrói-lhe as entranhas
.............em dor
No ventre o filho, que ela sabe carece
De tudo mesmo, não basta o amor
 
O trabalho é árduo, humilhante até,
No chão tão seco, a sede consome
O pouco de energia
............que resta com a fé
A fé que cura as doenças
A fé que retarda a agonia
A fé que a mantém de pé
A fé em nova alegria
 
Mas o tempo não passa,
............ se arrasta....
E para a desgraça de Maria
O sol brilha mais forte
E a chuva que vinha pro norte
Não cai como se previa
 
Chorar não mais adianta...
O suor já não poreja
E a dor... como um chicote....
...........dardeja.......
 
É o fim de uma vida?
Ou só mais um verão?
É o triste destino
De Maria do Sertão.
 
 
METAMORFOSE- Da Larva...
 à Borboleta 
(mais outra fase)
 
 
Fátima Almeida
Enviado por Fátima Almeida em 26/04/2010
Reeditado em 26/04/2010
Código do texto: T2220884
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