Não passo de uma “sofista de merda”, pois:
Nem sempre sinto a profundidade de um poema
como experimento a dor;
Nem sempre a amargura do outro é a minha própria;
Sou covarde, vaidosa...
Já tive medo de ficar só,
do que poderiam pensar de mim,
de não me aceitarem como sou...
de não ser feliz sozinha...
Tenho desejos, busco prazeres;
Não acredito tanto mais no amor,
mas ainda gosto de ler e escrever sobre ele,
a dor, a nostalgia...
Já me achei diferente por tocar violão e ter uma “boa” voz;
usei roupas estranhas para me sentir parte de um grupo;
achei-me esperta por ter feito um curso "superior"...
Almejo conquistar bens materiais,
aprender a dirigir, estudar o que ainda não consegui...
Por essas e outras é que realmente não dá para crer que eu sinta
pena dos doentes, esfomeados, favelados,
desabrigados, prisioneiros, refugiados...
De fato, não é possível crer na minha dor humana,
no meu diálogo superficial,
em minha retórica aborrecível...
em meu pensamento “além”...
Mas uma certeza me conforta:
somos iguais na desventura,
na imperfeição, na desumanização...
naquilo que se arreda de nós,
inclusive urina, fezes, suor, orgasmo...