Não passo de uma “sofista de merda”, pois:

Nem sempre sinto a profundidade de um poema

como experimento a dor;

Nem sempre a amargura do outro é a minha própria;

Sou covarde, vaidosa...

Já tive medo de ficar só,

do que poderiam pensar de mim,

de não me aceitarem como sou...

de não ser feliz sozinha...

Tenho desejos, busco prazeres;

Não acredito tanto mais no amor,

mas ainda gosto de ler e escrever sobre ele,

a dor, a nostalgia...

Já me achei diferente por tocar violão e ter uma “boa” voz;

usei roupas estranhas para me sentir parte de um grupo;

achei-me esperta por ter feito um curso "superior"...

Almejo conquistar bens materiais,

aprender a dirigir, estudar o que ainda não consegui...

Por essas e outras é que realmente não dá para crer que eu sinta

pena dos doentes, esfomeados, favelados,

desabrigados, prisioneiros, refugiados...

De fato, não é possível crer na minha dor humana,

no meu diálogo superficial,

em minha retórica aborrecível...

em meu pensamento “além”...

Mas uma certeza me conforta:

somos iguais na desventura,

na imperfeição, na desumanização...

naquilo que se arreda de nós,

inclusive urina, fezes, suor, orgasmo...

Isa Resende
Enviado por Isa Resende em 24/04/2010
Código do texto: T2216917
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.