COROA, CARENTE, AMBULANTE
COROA, CARENTE, AMBULANTE
Ela rodava para lá e para cá,
Parecia toda amassada, cansada,
De rolar pela suja estrada.
Até senti certa pena.
Em seus movimentos desesperados
Ela se jogava entre os carros,
Fazendo certo barulho,
Sua voz parecia metálica.
Imaginei quem poderia ter sido
O autor de seu corpo partido.
Simplesmente depois de usá-la
Jogou-a fora como lixo.
E ela cumprindo seu triste destino,
Rolava para cá e para lá,
Até que cometeu um desatino,
Sem saber ao certo aonde ir,
Resolveu aterrissar na cabeça
De um passante no acostamento
Lá ficou ela quase enterrada
Enquanto o rapaz em vão,
Tentava arrancar aquela coroa
Que lhe assentara meio torta.
Saí do carro, abri a porta,
Lamentando o terrível incidente
O super cílio aberto sangrava
Ferido pelo metal da pobre velha
Como uma coroa de lata
Ela finalmente estava sossegada
Agora tinha novo amante,
Não seria mais ambulante,
A que outrora fora posta fora,
Pela janela de um veículo.
Seu maldito ocupante
A jogou para a estrada
Satisfeito cheio de refrigerante
Seguiu sua jornada.