A Necrofilia Cultural De Paupéria (O Kruel Banquete Dos Mendigos)

Os saudosistas de Torquato

Abriram sua tumba

Fizeram uma panelada

Com suas tripas secas

(Que artistas!)

Serviram os despojos

Dos poemas datados

Da tropicália sessentista.

Uma turma de necrófilos

Exumou outra vez o pó

De seu esqueleto em busca

De algum vestígio de vísceras

Para justificar a política cultural

A validade datada do laticínio

Agora em 2ª edição (ampliada)

Alardearam os patrocínios

Na página 622 os canibais

Sentaram-se à mesa farta

A deglutirem a buchada

De seus restos mortais

“Pulp” poemas paupéria

Desvairada. Cheiraram o pó

De seus ossos. Comeram o

Que restou de seus joelhos

Como se fossem de porco

As beiçolas lambuzadas do

Caldo da feijoada. Os dentes

Ávidos mastigavam os miúdos

Do feijão preto com panelada

Alguns de apetite mais voraz

Pediam que o garçom servisse

O churrasco do que restou do

Coração. Entre um e outro copo

De cerveja a Sônia Mendes solicitou

O sarapatel das vísceras tropicalistas

Do homenageado. De mão em mão

Ele foi passado ao Carlos Augusto

Que por sua vez entregou-o à Marleide

A Valdênia logo o pediu. O Rubeni e a

Rosinha Amorim reclamavam o prato

Nomes tão anônimos, desses árcades

De repente conseguiram sair de

Seus mausoléus burocráticos

Estavam presentes no Jornal da Tarde

As verbas da “cultura” banqueteavam

Os necrófilos. A teia política faturava

A fartura da verba pública em 622

Páginas exumadas. Enquanto a Fundac

Afundava os Prêmios Literários do

Piauí. Desde 2006 prometendo para

O próximo fim de mês míseros cem

Exemplares para os poetas vivos calarem

E se darem por vencidos (muitos deles

Tão exageradamente agradecidos)

Os necrófilos saudosistas

Xiitas da homenagem posta à

Torquato na mesa o banquete

Continuavam a devorar suas

Vísceras nem mesmo mais fétidas

No banquete dos mendigos os

Burocratas mostram serviço

Que apetite para comer as Veias

Abertas da América Latina

Elas nem sangram mais

Mas eles se empapuçam ávidos

Dos restos dos restos mortais

De Torquato Neto. E prometem

Mais um livro. Para que possam

Posar outra vez festivos ao lado

Exumado de seus restos para as

Fotografias risonhas dos jornais

Na festa interminável dos restos

Das sobras e despojos mortais.

Os Trabalhadores da necrofilia.

Os Trabalhadores incansáveis da

Burocracia da servidão.

Querem aparecer outra

Vez ao lado do que sobrou de

Torquato. Todos te amam Torquato

A Sete Palmos Do Chão.

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 20/04/2010
Reeditado em 15/04/2011
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