Aquele Abraço
Nos descaminhos humanos;
Entre uma lata de lixo e um rato;
Há mãos trêmulas, insanas;
Buscam com frenesi insensato.
Percorro a vida a cada relance;
Sentindo o mundo e seus pormenores;
Ora sou reflexo, loucura alucinante;
Em meio a carros e outdoors.
Quem é este corpo andante?
Encantado com o luar além da fumaça?
Não desiste da existência e como amante:
Põe-se a sonhar em estado de graça.
Sobressalto-me! Olhe professora, ela chora!
Como farei a vacina?
Aqueles braços magros como que imploram;
Só farei se me abraçares, bem apertado, ta tia?
E aquele carinho pegou-me de tal jeito;
Leve, solto, já seu sorriso faceiro;
Com um balão colorido em seus dedos ligeiros;
Buscaram em meu peito um abrigo verdadeiro.
Nessas horas esqueço de qualquer degradação;
Passo a acreditar que o amor ainda é possível;
Choro, por que além das migalhas de pão;
Há um destino que nos espera, inverossímil.
ACCO