Política não é o nosso forte
Um presidente diz não.
ao protocolo de Kioto,
Sim à Ialta, Sim a Bretton Woods
Não ao fim da CPMF
Sim à Pec paralela
E a você ele diz talvez
Talvez, talvez
Talvez eu seja pela paz
Talvez ao entendimento
Talvez ao governo mundial
Ai, meu Deus,
Pagar impostos diretamente à ONU vai ser o máximo
Que a ONU faça a vistoria dos automóveis
Que negocie com os condenados de Bangú ene
O fim do motim
Que investigue quem matou o empresário americano
Quem botou a bomba diante do edifício
Quem tirou o pirulito da mão do menino
Porque a política não é o nosso forte
É a arte das chefias e das lideranças daqueles que decidem por nós.
Será que alguém quer ficar no lugar do Lula?
Fazer todas essas viagens,
Enfrentar todas essas reuniões,
Conversar com todos esses mafiosos
Dividir o butim do trabalho,
Vestir grossos sobretudos, plantar cedros que construirão canhões?
Ou porretes, ou cassetetes,
Política é o forte dele?
Ele sabe conversar e se entender em qualquer língua?
Ele sabe que o trabalho gera felicidade?
Ele sabe o que é passar fome
E é por isso que só pensa em comida?
Sentindo a mão invisível do mercado apertar a sua garganta?
E o máximo que pode dizer
É que tudo vai ficar bem no ano que vem?
Ano que vem, ano que vem
Para muitos não haverá ano que vem
Mas com certeza haverá a política.
Que é a arte de decidir o que faremos
Com todos esses braços, com todas essas bocas,
Com todos esses pensamentos,
Em meio a banquetes, em palácios maravilhosos
Construídos no pó dos desertos
Porque sempre foi assim desde o início dos tempos
Os homens fingindo-se de reis,
Escondendo o corpo com seda,
Comendo a comida que alguém produziu
Em catedrais de pedra que alguém construiu
Decidindo sobre o tempo do futuro dos outros,
Para que ninguém pense que ele tem medo,
Está só, consigo mesmo e com a sua morte.
Porque a morte continua sendo a nossa última esperança
O futuro dourado enfim conquistado
A aposentadoria definitiva até o infinito dos tempos
Nos braços acolhedores do cosmos.
Será?