MENDIGO.

Com o olhar distante e vazio,

Deitados num banco da praça.

Não tive dias felizes,

Só roupas roídas de traças.

O estômago ronca de fome,

O corpo sofrido me dói.

Não vejo mais aquele homem que fui,

A sujeira me transforma e aos poucos me destrói.

Reviro o lixo a procura de um pão.

Só durmo no banco se deixam,

Senão, durmo mesmo no chão!

Procuro uma bituca e fumo,

Só pra ver passar o tempo...

Minha casa é nas esquinas,

Pessoa já não distingue.

Não me lembro do passado...

Apenas sei que sou mendigo...

Neide Azevedo