Sombras do amanhã
Tenho medo, muito medo sim,
e o que a lucidez me permite ter,
me mantém com receio do fim,
de num breve vacilo com a loucura morrer!
São tantos sorrisos cobertos de cinzas,
rindo da vida, tão triste e vulgar,
tem gosto de enxofre as quentes brisas,
em ruas estranhas, de fome, de ar!
Quem sabe fundir-me ofegante e só,
ao caos terreno do mundo moderno,
ser o fac-símile do homem e do pó,
o traço perfeito do cibernético eterno!
Tenho medo, muito medo do fim,
não da figura do homem ou da dor,
estes ainda planto em meu jardim,
sob as cinzas do tempo e do amor!
Eu tenho medo do que há por vir,
do caos gerado neste caminhar,
não é o medo de jamais sorrir,
pois o louco ri, jazendo ao luar!
xxeasxx