Sangue na carga da caneta
Sim, tem muito sangue na minha caneta
Mas é você que mata criança pra tomar o ponto de venda
É um mero guarda costa do arrombado de Mustang
Que vê morte na tv de plasma tomando champanhe
O canteiro de obra de baianinho é minha casa
Minha alimentação diária é o resto de Ceasa
Não tem Fome Zero nem Farmácia Popular
Sem dinheiro pro sustento vou pro Conselho Tutelar
Me ensinaram a admirar o Nike 12 molas
Ignorar a escravidão chinesa e toda a mão de obra
Apoiar a destruição em massa pelo petróleo
Me livrar de status de rato de laboratório
Ser um vereador pra montar milícia
Só na oculta pra evitar notícias
Mas ta limpo se a Justiça averiguar
Fico livre por causa da imunidade parlamentar
Amarro pedra no pé e jogo o corpo no rio
Assassinato do motorista co caminhão do Ponto Frio
No céu não tem buscapé e sim bala traçante
Na carga da minha caneta tem muito sangue
A fita amarela, o cone, a barreira
É o sangue embutido na carga da minha caneta
Os ladrão enquadrando o boy na escopeta
É o sangue embutido na carga da minha caneta
O político me rouba, a recíproca é verdadeira
É o sangue embutido na carga da minha caneta
Viaja de jato alugado com renda extra
É o sangue embutido na carga da minha caneta
O sangue na minha Bic é um caso sério
Mas não sou eu que financio o crack no táxi aéreo
Sonha em me ver na tv com camisa na cara
Falando do meu truta que tomou tiro do GARRA
A situação lamenta a perda da batalha
Mesmo com CPMF, saúde defasada
Outra vítima no postinho sem tomografia
É transferida pro Hospital das Clínicas
Guardo os dias tenebrosos na minha mente
Pra representar pro Governo o perigo iminente
Se pá já presente devido as minhas denúncias
O TCU investiga, político pede renúncia
Você vai pagar pela sua inadimplência
Enquadro sua quadrilha e ganho minha recompensa
Sua tentativa frustrada de censurar meu rap
Custa caro parcelado, pesa mais com o IOF
Minha letra, minha rima ofensiva te persegue
Espírito ativista, estilo Alan Kardec
Incorporado no sangue da minha caneta
Exterminador de cusão, John Wayne às avessas
A fita amarela, o cone, a barreira...
Sim, na minha caneta tem muito sangue
A emancipação do escândalo não foi o bastante
Pra você se erradicar da vida pública
Sai aos 46 do segundo tempo, senão é morte súbita
Playboy ocioso, expressão redundante
Também é vítima, só que de Mondeo no baile funk
Entendo o político, seu problema não é complexo
Herdeiro de uma mãe profissional do sexo
É o maior investidor do trafico de crianças
Com laptop faz contato com representantes da Espanha
Conta com a proteção do Exército brasileiro
Que recebe sua quantia estipulada do puteiro
Operação sem nexo, invasão de favela
Sitiar o local é a melhor tática guerra
Sem suprimentos pra abastecer o morro
Sem lona preta cobrindo mais um corpo
Seu sonho de verão é minha caneta com anemia
Verso contestador, infinita hemorragia
Recomendo a aquisição pra eliminar todo esse mal
O sangue é tipo O, doador universal
A fita amarela, o cone, a barreira...