MENINO DE RUA

A idade era mesma

- presumi

Ao vê-lo sentado no banco a cochilar

Às primeiras horas da tarde

- vi

Tamanha era a semelhança!

- e eu chorei

Um rio de lágrimas do meu rosto seco

Pensando em meu filho

Dormia no ônibus que a sacolejar não lhe dava trégua

Acordando-o, talvez, na hora em que, sonhando

Sentava-se a uma farta mesa

Seu corpo sujo, assim como as vestes

Emprestava-lhe uma vívida inocência de criança

Que lhe saltava à face rubra

Imagino-o chegando em casa, mãos vazias

Mas com o estômago cheio de esperança

Pra um novo dia que vai raiar...

Beto Alves
Enviado por Beto Alves em 28/03/2010
Reeditado em 10/02/2023
Código do texto: T2163774
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