MENINO DE RUA
A idade era mesma
- presumi
Ao vê-lo sentado no banco a cochilar
Às primeiras horas da tarde
- vi
Tamanha era a semelhança!
- e eu chorei
Um rio de lágrimas do meu rosto seco
Pensando em meu filho
Dormia no ônibus que a sacolejar não lhe dava trégua
Acordando-o, talvez, na hora em que, sonhando
Sentava-se a uma farta mesa
Seu corpo sujo, assim como as vestes
Emprestava-lhe uma vívida inocência de criança
Que lhe saltava à face rubra
Imagino-o chegando em casa, mãos vazias
Mas com o estômago cheio de esperança
Pra um novo dia que vai raiar...