Rádio guerrilha

Transmissão no terceiro mundo tem cobertura completa

Frequencia terrorista padrão na guerra

A cada estação revolta se dilata

Conseqüência de atitudes da justiça insensata

Seus componentes andam de BMW, Audi

Mercedes, Porsche protegidos com Target

Mentores do sistema salvam suas vidas

Através da confecção com fibra de aramida

Eu me abstenho a covardia, a omissão

Nosso canhão contra a corrupção

Pelo menos da minha parte acabou a complacência

A torre ta blindada, não sofre interferência

A Arca do fim do mundo terá utilidade em breve

Furacões, terremotos que se sucedem

O som dos tiros e das bombas é marca registrada

Não é preciso ter audição aguçada

A política perpetua grande parte dos velórios

Desperta o mais profundo adormecido ódio

Por causa da epidemia de dengue anual

Do trabalho de parto feito na porta do hospital

Do incêndio na favela, do mano na UTI

Cicatrizes fortes, sem Ivo Pitanguy

Investimento maciço prum futuro menos remoto

Em arma química por cada barril de petróleo

Tenho vontade de saquear e explodir casa de cambio

Ligar o rádio e ouvir a notícia da morte de um gerente de banco

Antena guerrilha, sem seguro de vida

Balão de oxigênio sem morfina

Meus ouvidos estão abertos e atentos

Pra escrever versos pra desmantelar seu movimento

Não quero ser outra vítima dos PM

Ter minha história narrada pelo Gil Gomes na AM

Rádio guerrilha, longe de ser um mito

Sobreviventes, acionem seus tímpanos

Pau no cu das rádios do publico da moda

Transamérica desgraça segue a lógica

Com pagode mela cueca, funk pancadão

Não tem problema social, não tem preocupação

Letras lúdicas, jogadas ao vento

Mas foda-se, o que importa é o dinheiro

É limusine com chofer, uma casinha no Morumbi

Seu hit nas paradas da rádio Tupi

Artistas de caráter duvidoso

Promovidos pelo bando de crânio oco

Tornam cada vez mais popular o desgosto

Tanto faz se é com axé ou sertanojo

Ou funkeiros inexpressivos pagando de rapper

Em termos de mediocridade te oferecem um leque

Na mesma proporção há vários talentos

Só que esquecidos, jogados ao relento

Quem rima a real é quem menos pode

No Brasil quem é autêntico só se fode

Só toma tapa na cara porque fala do crime

E ganha ostracismo de brinde

Por não pagar de americano, fazer rap limpo

Por não aparecer no programa de domingo

Por não ter o patrocínio da Radio Mix

Por não se vender usando o pretexto evoluir

Definitivamente não me enquadro no contexto

Parceria com sertanejo ou com banda emo

Situação adversa, pode cre que é muito séria

Não é rusga, é o relato de uma guerra

Pseudo-artistas contra nossos ouvidos

Danificam o martelo, prejudicam o estribo

Oportunismo, corriqueira tática suja

Se tomarem purgante a cabeça murcha

Rádio guerrilha, longe de ser um mito

Sobreviventes, acionem seus tímpanos

Denis Hacebe
Enviado por Denis Hacebe em 26/03/2010
Reeditado em 26/03/2010
Código do texto: T2160953
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.