O zé povinho enterrou o amor

É, ta grave, ta embaçado

Como voce ve o amor enterrado?

Num cemitério clandestino

Provocado pelo zé povinho

Alguem teve o bom senso de doar um caixão

Mesmo as coisas abstratas, não tem perdão

Aqui o desinteresse impera

Mansões cercadas por fita amarela

Enquanto isso outro corpo cai no chão

Provocado pela ação de um homi fardado

Sem explicação, treta toda hora

Outro mano que vai ficar na oração

Sem glória, ou subiu ou desceu

E nenhuma testemunha pra dizer o que aconteceu

Sem piedade, sem compaixão

O amor ta dentro de um caixão

Onde esta o amor?

O zé povinho enterrou

Não existe mais o amor ao próximo

Esta num caixão preto doado sem flores e sem velório

Vejo nos olhos de uma criança

Carencia de amor,de esperança

Olhado com nojo pelos engravatados

Com sua lamborghini e seu relógio dourado

Ó la no bar outro desempregado

Afogando suas magoas embriagado

Chance não teve, não tinha estudado

Vítima da sociedade implacável

O rico, alvo dos assassinatos

O que o sistema quer, outro fracassado

Embaixo do viaduto com pneumonia

Outro capítulo da história da agonia

Pra rico criminoso num tem nem inquérito

Quando tem a pena é sobre regime semi-aberto

Pra juiz arrombado é prisão domiciliar

Não quer outro preso cortando sua jugular

Ou um maluco batendo nele com taco de hóquei

Quer gastar seu dinheiro com us travecos do jóquei

Pagar de gato, óculos escuro na cara

Com um Ômega roubado ou a mãe assassinada

Melhor correr pra casa chegou us homi

Sangue no olho vários tiros de 12

Um suposto velório que a PM financiou

O zé povinho enterrou o amor

Onde esta o amor?

O zé povinho enterrou

Não existe mais o amor ao próximo

Esta num caixão preto doado sem flores e sem velório

O drama não é maquiado muito mano ta ligado

O amor que vai sendo enterrado

Todo minuto toda hora todo dia

O boy demonstra frieza em relação a periferia

Inveja ao extremo, tristeza, desgosto

Aqui se tem amor descarregando a 38

A favela cobra igualdade da elite

Que da risada quando vê us manos na madeirite

Um Fiat 147 equipado de maconha

Contra us gambé que apavora a área toda

Inevitável, ouço tiros de oitão

Outro morto, outra baixa pros irmão

O zé povinho engravatado é o maior culpado

Vão matando com seus robôs programados

Pra descarregar, pra honrar o distintivo

E só a ponto 40 na cabeça do seu filho

Querem cassar seu mandato aí você renuncia

O diabo da risada quer a sua companhia

Vida após a morte assim será

Vamos fazer o amor ressucitar

Onde esta o amor?

O zé povinho enterrou

Não existe mais o amor ao próximo

Esta num caixão preto doado sem flores e sem velório

Denis Hacebe
Enviado por Denis Hacebe em 26/03/2010
Código do texto: T2160949
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