Lucidez

O fim desse começo é apenas o meio

De um processo que se desenvolve vagarosamente

Pode ser intransigente, irresponsável

Em qualquer um deles, o fim do fim é inevitável

Na TV, no outdoor, no jornal

O processo de desgraça é interminável

A base é repudiável, já é natural

Durante o começo prevalece o otimismo

Depois de algum tempo, o antônimo é consumado

Mais um psicológico dilacerado

Causado pelo excesso de charlatanismo

Virar esse jogo é bem difícil

Sim, do começo ao fim

É sofrimento entre os dois extremos

É o medo que se mostra cada vez mais crescente

Fecha a luz, apaga o olho

De quem pensa que o mérito é conseguido

Através da desgraça dos outros

Eu to louco, todavia lúcido

Vou andando alto nas colinas da interrogação

Um cachorro louco raivoso com a Constituição

De um país onde nada prevalece

Onde o futuro do pretérito permanece

Destacado na testa de cada cidadão

Principalmente nas pessoas na detenção

É repugnante, eu sei, mas sigo avante

Impressionante mas a vida muda a cada instante

Respirando o ar poluído eu penso

No que pode ser feito ou evitado

Enfim, penso num novo começo

O choro nunca foi obrigatório

Mas se tornou espontâneo

O equívoco em alta, vários mortos por engano

O fim do meio ainda esta longe

Não é preciso ser cientista pra constatar

Que a UNESCO se perdeu nessa estatística

Eu to louco, todavia lúcido

O dia melhor se anuncia ausente

Essa é a lembrança acesa na mente

Em cada fragmento da massa cinzenta

Que parece asfalto esburacado

Que por vários motivos continua ensangüentado

O agora já era, o depois sempre vem

Como uma faísca na escuridão

A gente lembra-se do agora e do antes também

Em cada esquina um começo

A gente esquece o que lembra durante o meio

É transtorno, desenvolve o suicídio

Mais um passaporte para o paraíso

Na mente o ontem corre atrás do hoje

Para incentivar uma redenção no futuro

Para evitar o pai e a mãe de luto

Mas nesse território a pratica não funciona

É mais uma teoria que vem a tona

Gritar, protestar não adianta

Mesmo eu tendo um grito forte

E podendo amolar facão com a garganta

Eu to louco, todavia lúcido

Denis Hacebe
Enviado por Denis Hacebe em 24/03/2010
Código do texto: T2157130
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