Gari
Sai de casa antes do sol surgir
Para o seu dever cumprir
Pega ônibus lotado todo dia
Levanto a tiracolo a agonia
Um gosto de café preto na boca
Engolido na pressa louca
Sem o acompanhamento do pão
Para não perder a condução
O ponto o espera implacável
E não se sente responsável
Por ele morar longe do emprego
E viver em constante desassossego
Sete horas se inicia a luta
Carrinho, material de limpeza e muita labuta
Nas mãos a luva e na cabeça o boné
No coração a firmeza que o mantém de pé
Trabalha solitário limpando o lixo de vários lugares
Não recebe cumprimentos, sorrisos e sequer olhares
Ignorado por completo como se fosse parte da sujeira
Segue honrando a profissão e garantindo a sua feira