Uma história para não ser contada

Se com fórceps do ventre arrancado

Da pátria mãe para torpe turismo

Preso aos remos, do amor alijado

Entre você e seu sonho um abismo

Com outros duzentos divide a cama

o quadro nas costas, são vis cicatrizes

com a foice se vinga, derruba a cana

e a donzela da senzala, fizeram meretriz

veio da África, tingindo outro sangue

a cor do mestiço, registrou o Brasil

marcando a cana, ou planta do mangue

tão jovem sacrificado, o precoce senil

foram homens fazendo isto com homens

parteiros, davam trevas a navios negreiros

deviam ter se perdido em todas viagens

salvando-se apenas, quem em cativeiro

tantas estrelas, ornam a nossa flâmula

todas assistiram a covarde exploração

nas grades, grilhões em mãos trêmulas

ainda é tempo, que peçam perdão

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 21/03/2010
Reeditado em 21/03/2010
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