O último que sair apague a luz
Lugar sem dono, inerte, parado
Sensação de abandono, status imutável
Se move na velocidade de uma tartaruga
Não é que ladrão dando fuga da viatura
Queria esquartejar os de gravata
Ou pelo menos extraviar sua identidade falsa
No microfone sou Clint Eastwood com a espingarda
Marcando meu território na Esplanada
Cade a Justiça pra me interrogar?
Cade a porra da imprensa pra me entrevistar?
Viver aqui é o mesmo que fazer inalação sem soro
Fazer show sem platéia cantar sozinho num coro
Não quero cela de DP nem ser presidiário
Ser baleado na calçada com o malote do lado
Quero se um martir, ser homenageado
Com um minuto de silencio no estádio
Por não ser réu primario nem reincidente
Por não pegar leptospirose na enchente
Por conseguir quando houve deslizamento de terra
Um contato com o político no hotel da Basiléia
Entrem no Planalto pra apedrejar a cruz
O ultimo que sair apague a luz
Falta uma ação na Justiça contra Jesus
O ultimo que sair apague a luz
À escuridão, à sombra fazemos jus
O ultimo que sair apague a luz
Deixando o cidadão morrer na porta do SUS
O ultimo que sair apague a luz
Aqui ta tudo certo nada resolvido
Revogaram a pena de outro crime cometido
Meu protesto não resulta num exílio
Apenas me fazem ajoelhar no milho
Chamar isso aqui de nação é ato imprudente
É achar que bauru sem tomate não é misto quente
É de se admirar um fato coerente
Que se fode o estagiário não o presidente
Outra irregularidade operada com êxito
Provocando a desistencia aumentando o êxodo
Haja garganta pra engolir tanto sapo
Político brasileiro tem o escândalo patenteado
Pilantra que tem carta branca na mão
Pra deixar a vísceras do povo no chão
Investir pesado só pra poder ver
Um mano sendo investigado pela KGB
Aqui a polícia contempla a morte sem boi
Atira primeiro pergunta depois
Político sonha alto, quer exercer o domínio
Quer ir além de cifrões no banco suíço
Entrem no Planalto pra apedrejar a cruz...
Palhaçada nacional impressiona o Bozo
Faz o Cirque du Soleil virar um evento tosco
O alarde é provocado pela lei do silêncio
Furacão mundial, no Brasil ta o epicentro
Os holofotes tão acesos pra indiferenca
Com o desembargador anunciando a sentença
Tentativa de vitória é sempre em vão
Até pra fato consumado tem especulação
Quem mata, quem morre, quem vai sair, quem vai ficar
Só sei que se nóis cair, ninguem vai chorar
Nosso país transforma um cidadão em Freddy Krueger
De tanto revirar lixo da barraca de hamburguer
A coisa menos errada é a que tem que ser feita
E o meu povo paga pedágio com a mão direita
Comete atentado contra a PM
Fura o crânio, cata o oitão e o colete
Aqui a desonra a palavra é errante
Moisés não cruza nesse mar de sangue
Em matéria de terrorismo nóis é pioneiro
O giroflex é o anuncio da morte em azul e vermelho
Entrem no Planalto pra apedrejar a cruz...